terça-feira, setembro 07, 2004

O “espírito olímpico”


O ideal olímpico de uma competição amigável numa atmosfera de irmandade e paz entre as nações é pura ficção. Trata-se de uma má interpretação da Trégua Olímpica, que começou a ser observada por volta do século VIII A.C. e que proibia todas as cidades-Estados participantes de se envolverem em guerras antes, durante e depois do festival original de cinco dias.
Mas os motivos que levavam os gregos de então a declarar esta trégua eram de cariz mais prático do que altruísta: queriam simplesmente que os atletas e seus apoiantes chegassem a Olímpia sem serem antes transformados em vítimas da guerra.
As primeiras Olimpíadas foram elas próprias «jogos de guerra» disputados numa atmosfera de paz forçada. Para muitos gregos, um dos principais objectivos daquela competição era preparar os homens para a batalha. Os Jogos eram «um aspecto importante da vida de um guerreiro, uma exemplificação do seu arete (habilidade)», refere Wendy J. Raschke, professora de Cultura Clássica da Universidade da Califórnia.
Só a titulo de exemplo, o salto em comprimento, o lançamento do dardo e uma corrida a pé de armadura vestida eram actividades que tinham em vista a guerra e não a paz. E a modalidade preferida nessa época era o pancrácio, um combate, violento e sangrento, em que valia tudo menos morder e arrancar olhos.
Durante vários séculos, duas cidades próximas do local onde se disputavam os jogos (Elis e Pisa) lutaram pelo prestígio e pelo poder de serem elas a controlar o evento. E no século IV A.C. esta disputa transformou-se em guerra aberta, tendo-se registado combates durante o pentatlo. in Selecções

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