quinta-feira, setembro 16, 2004

Segundo estudo universitário o Algarve não deve ter mais de 41 campos de golfe

O Algarve não deverá ter mais de 41 campos de golfe para que a actividade seja sustentável económica e ambientalmente, conclui um estudo elaborado pela Universidade local.

"O desenvolvimento sustentável para o golfe no Algarve, nos próximos 15 anos, deve pautar-se por um crescimento moderado da oferta de campos", disse hoje à Agência Lusa a docente e coordenadora executiva do estudo, Antónia Correia.

O "Estudo sobre o Golfe no Algarve", realizado pela Universidade do Algarve (UAlg) a pedido de várias entidades ligadas ao sector turístico, será apresentado em Faro no 1º Congresso Internacional de Golfe, que vai decorrer de 29 do corrente a 1 de Outubro.

"Temos actualmente o equivalente a 27 campos de golfe com 18 buracos no Algarve. Entre esses 27 e os 41 campos vale a pena pensar nesta actividade em termos de sustentabilidade ambiental, económica, social e empresarial", afirmou a professora de Economia da UAlg.

O relatório indica ainda que um cenário de 41 campos em 2020 não é o mais favorável, quer para as empresas, quer para o ambiente: "os índices de rentabilidade média observados na proximidade de 41 campos equivalentes a 18 buracos, começam a ter valores muito próximos do zero".

A coordenadora do estudo salientou também que se forem concretizadas todas as intenções de investimento - e a manterem-se as actuais estratégias de comercialização - "não haverá procura para os campos de golfe existentes e tal viria a inviabilizar alguns dos novos projectos".

Por outro lado, os impactes ambientais só não serão problema para a região se forem adoptadas boas práticas na gestão dos recursos naturais.

A reutilização das águas residuais, a rega gota-a- gota subterrânea, em vez do borrifo à superfície, e a utilização de relvas menos exigentes no consumo de água são apenas algumas das boas práticas a ter em conta para diminuir os efeitos negativos deste negócio.

"Tem de haver programas de gestão de qualidade ambiental", defende Antónia Correia, adiantando que para minimizar os efeitos ambientais negativos devem aplicar-se produtos alternativos de fertilização, assim como construir bacias de retenção das águas de drenagem.

O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, mostrou-se satisfeito com os resultados do estudo.

"Alguns tabus contra o golfe ficam desmistificados, nomeadamente a falta de água no Algarve", disse à Lusa, recordando que muita da rega feita nos campos do Algarve já está a ser feita com águas tratadas e reutilizadas.

Quanto aos novos projectos que venham a ser aprovados, Elidérico Viegas afirmou que todos eles terão associadas unidades hoteleiras de quatro e cinco estrelas ou imobiliário de lazer.

Para rendibilizar a actividade, o estudo propõe que os campos de golfe estejam adjacentes a hotéis ou outras infra-estruturas de alojamento e também que se diversifiquem os mercados para captar novos segmentos que aliviem a sazonalidade do golfe a Sul do País.

O estudo sobre o golfe foi desenvolvido desde 2003 por uma vasta equipa dos vários departamentos da Universidade do Algarve e contou com o apoio da Região de Turismo do Algarve (RTA), AHETA, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve (CCDR) e Associação Regional de Golfe do Sul.

in Lusa

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